Sábado, dia 16, de Agosto
Acordei no meio da madrugada para pingar o colírio e logo percebi que tinha voltado ao normal minha visão. Sem dor, apenas uma visão embaçada e sem incômodo me deu mais vontade de sair pedalando nas primeiras horas do dia.
Assim, como combinado na noite anterior, comemos o pão com manteiga, na terra do pão de queijo, e partimos no frio das 7hs da manhã.
Pedal muito bom, que nos rendeu bons temas para conversa, mesmo no frio, muitas senhoras caminhavam pela estradinha por entre a plantação de eucalipto.
Uma das metas do dia era pegar a balsa que faz a travessia Caquende-Capela do Saco, a outra seria a serra que teríamos de conquistar para chegar em Carrancas.
A estrada nos favoreceu |
A estrada em todo trajeto até Caquende estava em um estado de conservação de dar inveja e muito prazer para nós. Média alta, rápido chegamos em Caquende e sem sinal de cansaço. Talvez, pelo descanso que tivemos ou, quem sabe, pela ausência do sol, que se aparecesse neste trecho, limaria nossas forças, pois não havia um ponto de sombra sequer.
Passamos por um monte de fazendas, ora leiteira e.
Belo exemplar holandês |
ora cafeeira...
Plantação de café |
Miura, estava neste momento dividido, no lado esquerdo as vaquinhas leiteiras, e do seu lado direito a plantação de café. Logo nomeamos esta singela estradinha como a estrada o Café com Leite
Miura na estrada café com leite |
Antes das 10h, que era o planejado, chegamos em Caquende, e como sempre, a estrada nos apresentava uma beleza incomum.
Lá do alto, já avistamos o conjunto de lagoas que forma toda a represa da região, e foi girar curtindo o caminho até a beira da lagoa.
Após alguns gritos e uns minutos no frio aguardando a balsa, avistamos o aquaviário que desceu, ligou a máquina e veio em nosso encontro.
balsa para travessia Caquende - Capela do Saco |
Já em Capela do Saco, procuramos um lanche para comer, pois não acreditamos na estrutura que víamos e por isso achamos que seria mais fácil arrumar um lanche, até porque ainda era relativamente cedo.
Capela do Saco |
Fomos abordados por um senhor falante, que nos indicou seu bar, onde podíamos comer um lanche e quem sabe almoçar, caso tivéssemos disponibilidade de tempo para esperar 30min até sua esposa preparar o rango.
Sr. Raimundo descendo procurando seu cachorro e nos recepcionando |
Aceitamos o lanche, e por instantes, eu consegui convencer o Miura de almoçar. Mandei o papo reto dizendo que não sabia se haveria local para comer, e que ainda tinha 'aquela subida' pra encarar e tal...
Na porta do Bar |
Pedimos os pratos e enquanto aguardamos, ficamos com as histórias do Sr. Raimundo, que recepciona a todos que necessitam de pouso na cidade a um preço popular. Não vimos as instalações, mas pela qualidade da comida e o cuidado que tem com o bar, acredito que seja de bom grado.
Sr. Raimundo e sua esposa. |
Almoço terminado, descanso proporcional, partimos de Capela do Saco sentido Carrancas. Fomos lentos no início para ajudar a digestão e favorecer o aquecimento. O Sol, apareceu, brilhante e forte, como quem corresse para recuperar o tempo perdido.
Sobe-desce sem fim |
Sob sol, deu-se o início do sobe e desce e sequências de areia fofa, cansativo, mas como havíamos nos alimentado bem e a hora estava a nosso favor, seguimos no giro mais confortável possível, pois não tinha necessidade de se esforçar tanto, haja visto que, segundo relatos lido pelo Miura, a montanha que se aproximava era duríssima.
Vez e outra, Miura olhava para a altimetria no celular e lembrava um trecho de um relato, onde alguém reclamava da dita subida. Logo rebatia, para não me deixar abater, dizendo que era muito relativo o relato das outras pessoas, pois não sabia como havia sido o dia de pedal da pessoa, se tinha um cansaço acumulado e que horário encarou essa mal-falada montanha,
Serra de Carrancas ao fundo. Meta de montanha |
Após uma longa subida, antes que descer, paramos para uma água e vi o olhar de desânimo do Miura olhando adiante...e disse "lá que vamos subir..."
Detalhe de momento, essa montanha aparece quase sempre na novela das 21h da globo.
Meta de montanha do dia na mira, tentei inflamar o ânimo do Miura e tocamos ao temido objetivo.
4x4 e bikes carregadas |
Até chegar no sopé da montanha ainda demoramos um tanto de tempo, mas chegamos. Pra completar, chegamos em um ponto onde não tinha mais volta e pra completar, uma placa adaptada dizia "Só sobe carro 4x4", pra min, soou como uma massagem no ego. Pensar que subiria 'ela' dominando sua dificuldade...'ela' que muitos, segundo Miura, saiu xingada e mal-falada da Estrada Real.
Começa a brincadeira |
A subida não é tão dura, em relação a sua inclinação, porém, é muito técnica com muitas pedras onde precisa traçar uma linha e se preparar pra girar em falso, quase sem gripe. Grande vantagem de quem pedala clipado. Outro fator que me fez gostar mais ainda, foi a série de treinos técnicos em subida nas trilhas em raízes e pedras.
Variação de piso |
Em alguns momentos, 'ela' nos dava um momento de descanso, com uma base em lajes de granito com sulcos criados pelas chuvas e outros nos apresentava uma piscina de areia branca e fofa, que era essa hora que me fazia descer e empurrar poucos metros.
Ah, gelaada!! |
Tive a oportunidade de me refrescar em um riacho que nos acompanhava com seu constante barulho de água.
Saí do refresco e o Miura estava feliz, fazendo suas fotos. Até mesmo ele disse que não entendia como as pessoas acharam tão ruim a subida... Papeamos um bocado a respeito e seguimos para completar a segunda metade da montanha.
Compensa |
Miura, rendendo bem, foi na frente ditando o ritmo. Logo, achamos o marco que informa o quase término da subida. Deste ponto, são pemas algumas centenas de metros acima, um estradão no topo.
Estradão, lá encima |
Vencida a montanha |
Do alto, avistamos Carrancas. Como ainda era cedo, só pensava nas cachoeiras, que são os cartões postais da cidade. Descemos cerca de 6km até entramos, até então, na limpa e charmosa cidade.
Ficamos no hotel pousada onde os atores da novela da globo se hospedam quando tem que gravar na montanha. Neste hotel, fomos bem recepcionados por uma menina, que não lembro o nome, que era ciclista e em um amigo paulista fazendo a ER. Ela nos deu a triste informação de que as cacheiras da redondeza estão poluídas. Assim, resolvemos beber e comemorar nossa conquista de montanha.
Lavamos as roupas, tomamos banho e saímos para beber e papear, ainda com sol. Bebemos num belo restaurante e comemos uma linguiça calabresa com cervejas...muitas.
Fomos pro hotel, descansamos um pouco e as 20h descemos para jantar, a maravilhosa comida, no próprio hotel.
Após o jantar, o jeito foi aproveitar o luxuoso quarto e dormir muito bem...
Até.
Dados do GPS AQUI
Distância:52,59 km
Tempo:6:49:22
Veloc. Média:7,7 km/h
Ganho de elevação:1.225 m
Calorias:2.371 C
Temperatura Méd.:24,4 °C
Todas as fotos AQUI