Domingo, dia 17 de Agosto.
Dormi tranquilamente com as cortinas abertas e bem cedo fui despertado pelos primeiros raios de sol de uma linda manhã que se iniciava... que nada! A Igreja Matriz danava de soar um sino a cada 30 minutos, e um toque mais vigoroso a cada hora cheia.
Dormi bem, graças às cervejas, ao jantar pesado e claro, ao confortável quarto do caríssimo hotel que muda seu valor a cada troca de turno...
Animado e descansado, fui batendo na portinha do Miura para que pudéssemos adiantar nossa saída. Ele, com cara de assustado me diz "Ué, mas já? combinamos hora X...".
Realmente, esqueci da hora e antecipei tudo.
Tomamos o belo e farto café (vantagem de se pagar caro na hospedagem), arrumamos as coisas e abastecemos de água...eu com meu camelback com 3l e uma caramanhola de 700ml, pois prefiro chegar com água sobrando do que faltar água no meio do caminho.
Buscando o sinal do GPS, tomei uma carreira de um cachorro só pra aquecer e partimos,e , pelo menos eu com uma impressão péssima da cidade.
Miura curtindo a estrada |
O lindo céu azul era um prenúncio de muito sol sem muita sombra e ponto de abastecimento, mesmo sendo uma quilometragem relativamente baixa e com altimetria tranquila o constante sobe e desce e a falta de ponto de abastecimento passou a ser uma constante preocupação.
Tendo em mente de acabar com o pedal antes que a diversão virasse penitência, decidimos em girar promovendo uma média mais alta, meso com o risco de que em algum momento sentiríamos um cansaço, mas , chegando mais cedo ao destino o descanso sempre é maior.
Poucos momentos de sombra |
Dentre tantas fazendas famosas do caminho, passamos pela Centenária Fazenda Traituba, onde, segundo historiadores, a Fazenda, do Senhor João Pedro Junqueira seu primeiro proprietário, teve sua origem entre os anos de 1825 e 1831 e serviria para hospedar D. Pedro I, que sequer tomou conhecimento do local. Reza a lenda que esta fazenda é o real berço da raça Mangalarga Marchador.
A Majestosa e colossal estrutura da Fazenda Traituba vista ao longe |
Miura, quase sem água e empolgado com as histórias cerca desta Majestosa fazenda acelerou e decepcionou ao constatar que não havia nada de comércio ou venda sob tanta história... pior, a fazenda agora é um grande frigorífico.
Fazenda agora Matadouro |
Após a desolação pela falta da estrutura local, seguimos um tanto quanto apreensivos pela falta de apoio para abastecimento de água. uma fonte sequer para abastecer, nada...secura total.
O ritmo caiu e o Miura, com apenas duas garrafinhas poupava suas forças, mas claro, já havia disponibilizado minha água pois sempre abasteço ao máximo.
Entre paisagens e estrada, seguimos e seguidos por olhares dos animais do caminho
Um carcará que nos acompanhou algumas centenas de metros |
Miura já começava a sentir câimbras, provavelmente provocado pela desidratação, quando passamos por uma fazenda onde um caseiro domava um cavalo. Passei cumprimentei e segui. Estava no meu ritmo, quando ouvi um chamado ao longe, era o Miura que parou junto ao homem, que generosamente cedeu água ao cicloviajante, que matou 4L de água.
Durante a prosa, ouvimos vários causos de caminhantes e cicloviajantes que traçam sua rota achando que existe algum ponto de apoio em Traituba e acaba tendo que percorrer 30km a mais para chegar na cidade (seja qual lado for) pois se encontra exatamente entre Carrancas e Cruzília.
Agradecemos ao Sr. Valdeir pela generosidade, e esperamos que tenha recursos para montar sua pousada, e partimos rumo ao destino.
Miura e a personificação da generosidade mineira |
Pedalamos por um bom tempo em silêncio, e quando resolvemos falar o assunto foi o mesmo "Como o IR não coloca esse dado no site?" e logo lembramos dos caminhantes...mas, cada um no seu vício.
Paisagem variava o tempo todo assim como as fazendas e suas culturas,
árvores de aspecto sinistro |
estrada com mudança de terreno entre pedras, cascalhos, areias; estradões em falso plano logo nos revelava ao longe o suposto caminho a seguir. Os GPS´s sempre nos confirmando o caminho e os marcos nos chancelavam a quilometragem passada e futura
Topo no top |
Do nada, questionei que a altimetria estava variando muito, um sobe e desce muito constante, subidas curtas e puxadinhas, outras mais longas e altas. Nada que assustasse mas ao ponto de chamar a atenção, o estranho foi consultar a altimetria acumulada e a mesma estar dentro da normalidade para a quilometragem rodada.
Mesmo com o aparelho marcando e me mostrando metro a metro eu seguia desconfiado, até descobrir que estávamos no Circuito das Montanhas Mágicas da Serra da Mantiqueira e para quem curte este tipo de turismo ou queira saber mais clique aqui.
a explicação |
Após de muito girar chegamos numa rodovia com uma descida de uns 5km. Logo chegamos em Cruzília, considerada a cidade da raça mangalarga marchador e do queijo minas.
O Centro estava recebendo um evento de motocross e ficamos hospedados num hotel bem em frente à praça e a Igreja Matriz...xiiii!
Banho e partimos para comer alguma coisa. Lanchamos lindamente em uma padaria que tinha de tudo um pouco e a noite jantamos em uma outra pousada um belo bife de picanha com arroz, farofa e fritas...ah, uma cerveja para comemorar o dia sofrido e a chegada na metade da nossa empreitada.
Vamos que vamos!!
Até
Dados do GPS AQUI
Fotos Aqui