domingo, 28 de setembro de 2014

Estrada Real 2014 - Dia 08 - São Sebastião da Vitória x Carrancas

Sábado, dia 16, de Agosto
Acordei no meio da madrugada para pingar o colírio e logo percebi que tinha voltado ao normal minha visão. Sem dor, apenas uma visão embaçada e sem incômodo me deu mais vontade de sair pedalando nas primeiras horas do dia.

Assim, como combinado na noite anterior, comemos o pão com manteiga, na terra do pão de queijo, e partimos no frio das 7hs da manhã.

Pedal muito bom, que nos rendeu bons temas para conversa, mesmo no frio, muitas senhoras caminhavam pela estradinha por entre a plantação de eucalipto. 

Uma das metas do dia era pegar a balsa que faz a travessia Caquende-Capela do Saco, a outra seria a serra que teríamos de conquistar para chegar em Carrancas.
A estrada nos favoreceu
A estrada em todo trajeto até Caquende estava em um estado de conservação de dar inveja e muito prazer para nós. Média alta, rápido chegamos em Caquende e sem sinal de cansaço. Talvez, pelo descanso que tivemos ou, quem sabe, pela ausência do sol, que se aparecesse neste trecho, limaria nossas forças, pois não havia um ponto de sombra sequer.

Passamos por um monte de fazendas, ora leiteira e.
Belo exemplar holandês
 ora cafeeira...
Plantação de café
Miura, estava neste momento dividido, no lado esquerdo as vaquinhas leiteiras, e do seu lado direito a plantação de café. Logo nomeamos esta singela estradinha como a estrada o Café com Leite
Miura na estrada café com leite
Antes das 10h, que era o planejado, chegamos em Caquende, e como sempre, a estrada nos apresentava uma beleza incomum.

Lá do alto, já avistamos o conjunto de lagoas que forma toda a represa da região, e foi girar curtindo o caminho até a beira da lagoa.
Após alguns gritos e uns minutos no frio aguardando a balsa, avistamos o aquaviário que desceu, ligou a máquina e veio em nosso encontro.
balsa para travessia Caquende - Capela do Saco
Já em Capela do Saco, procuramos um lanche para comer, pois não acreditamos na estrutura que víamos e por isso achamos que seria mais fácil arrumar um lanche, até porque ainda era relativamente cedo.
Capela do Saco
Fomos abordados por um senhor falante, que nos indicou seu bar, onde podíamos comer um lanche e quem sabe almoçar, caso tivéssemos disponibilidade de tempo para esperar 30min até sua esposa preparar o rango.
Sr. Raimundo descendo procurando seu cachorro e nos recepcionando
Aceitamos o lanche, e por instantes, eu consegui convencer o Miura de almoçar. Mandei o papo reto dizendo que não sabia se haveria local para comer, e que ainda tinha 'aquela subida' pra encarar e tal...
Na porta do Bar
Pedimos os pratos e enquanto aguardamos, ficamos com as histórias do Sr. Raimundo, que recepciona a todos que necessitam de pouso na cidade a um preço popular. Não vimos as instalações, mas pela qualidade da comida e o cuidado que tem com o bar, acredito que seja de bom grado.
Sr. Raimundo e sua esposa.
Almoço terminado, descanso proporcional, partimos de Capela do Saco sentido Carrancas. Fomos lentos no início para ajudar a digestão e favorecer o aquecimento. O Sol, apareceu, brilhante e forte, como quem corresse para recuperar o tempo perdido.
Sobe-desce sem fim
Sob sol, deu-se o início do sobe e desce e sequências de areia fofa, cansativo, mas como havíamos nos alimentado bem e a hora estava a nosso favor, seguimos no giro mais confortável possível, pois não tinha necessidade de se esforçar tanto, haja visto que, segundo relatos lido pelo Miura, a montanha que se aproximava era duríssima.

Vez e outra, Miura olhava para a altimetria no celular e lembrava um trecho de um relato, onde alguém reclamava da dita subida. Logo rebatia, para não me deixar abater, dizendo que era muito relativo o relato das outras pessoas, pois não sabia como havia sido o dia de pedal da pessoa, se tinha um cansaço acumulado e que horário encarou essa mal-falada montanha,
Serra de Carrancas ao fundo. Meta de montanha
Após uma longa subida, antes que descer, paramos para uma água e vi o olhar de desânimo do Miura olhando adiante...e disse "lá que vamos subir..."

Detalhe de momento, essa montanha aparece quase sempre na novela das 21h da globo.

Meta de montanha do dia na mira, tentei inflamar o ânimo do Miura e tocamos ao temido objetivo.
4x4 e bikes carregadas
Até chegar no sopé da montanha ainda demoramos um tanto de tempo, mas chegamos. Pra completar, chegamos em um ponto onde não tinha mais volta e pra completar, uma placa adaptada dizia "Só sobe carro 4x4", pra min, soou como uma massagem no ego. Pensar que subiria 'ela' dominando sua dificuldade...'ela' que muitos, segundo Miura, saiu xingada e mal-falada da Estrada Real.
Começa a brincadeira
A subida não é tão dura, em relação a sua inclinação, porém, é muito técnica com muitas pedras onde precisa traçar uma linha e se preparar pra girar em falso, quase sem gripe. Grande vantagem de quem pedala clipado. Outro fator que me fez gostar mais ainda, foi a série de treinos técnicos em subida nas trilhas em raízes e pedras. 
Variação de piso
Em alguns momentos, 'ela' nos dava um momento de descanso, com uma base em lajes de granito com sulcos criados pelas chuvas e outros nos apresentava uma piscina de areia branca e fofa, que era essa hora que me fazia descer e empurrar poucos metros.
Ah, gelaada!!
Tive a oportunidade de me refrescar em um riacho que nos acompanhava com seu constante barulho de água.

Saí do refresco e o Miura estava feliz, fazendo suas fotos. Até mesmo ele disse que não entendia como as pessoas acharam tão ruim a subida... Papeamos um bocado a respeito e seguimos para completar a segunda metade da montanha.
Compensa
Miura, rendendo bem, foi na frente ditando o ritmo. Logo, achamos o marco que informa o quase término da subida. Deste ponto, são pemas algumas centenas de metros acima, um estradão no topo.
Estradão, lá encima
Vencida a montanha
Do alto, avistamos Carrancas. Como ainda era cedo, só pensava nas cachoeiras, que são os cartões postais da cidade. Descemos cerca de 6km até entramos, até então, na limpa e charmosa cidade. 


Ficamos no hotel pousada onde os atores da novela da globo se hospedam quando tem que gravar na montanha. Neste hotel, fomos bem recepcionados por uma menina, que não lembro o nome, que era ciclista e em um amigo paulista fazendo a ER. Ela nos deu a triste informação de que as cacheiras da redondeza estão poluídas. Assim, resolvemos beber e comemorar nossa conquista de montanha.

Lavamos as roupas, tomamos banho e saímos para beber e papear, ainda com sol. Bebemos num belo restaurante e comemos uma linguiça calabresa com cervejas...muitas.

Fomos pro hotel, descansamos um pouco e as 20h descemos para jantar, a maravilhosa comida, no próprio hotel.

Após o jantar, o jeito foi aproveitar o luxuoso quarto e dormir muito bem...

Até.

Dados do GPS AQUI
Distância:52,59 km
Tempo:6:49:22
Veloc. Média:7,7 km/h
Ganho de elevação:1.225 m
Calorias:2.371 C
Temperatura Méd.:24,4 °C
Todas as fotos AQUI

Estrada Real 2014 - Dia 07 - Dia de Médico

Sexta, 15 de Agosto.
Acordei decidido a buscar um oftalmo para resolver de uma vez o problema do meu olho.  Noite mau dormida e muito frio, acordei com humor péssimo e com vontade de arrancar o olho fora. 

Como era feriado na maioria das cidades ao redor, o jeito foi buscar ajuda na única cidade em funcionamento, Lavras.

Mesmo com o dia cheio, consegui um encaixe e ser atendido. Estava tenso de ser um problema mais grave e ser impedido de seguir, mas o parceiro Miura já tentava arrumar um conforto para uma provável notícia ruim.

Meu nome chamado, respiro fundo e entro na saleta de atendimento. Contei tudo que acontecera ao médico que pôs um aparelho e disse "esse olho tá judiado demais...e do jeito que tá, vamos ver, pois acho que ainda tem alguma coisa aí dentro, pois tem ferimento recente no olho."

Após exame mais aprofundado, ele disse "vou realizar um procedimento que vai doer bastante, mas logo depois vai sentir um alívio." e assim foi, ele enrolou minha pálpebra num cotonete e com uma pinça retirou uma coisa que ele identificou como sento um ferrão.

Realmente o alívio pós dor veio, mas o incômodo do olho machucado, e muito, segundo o médico.

Com uma receita em mãos, recebi a recomendação de usar a cada 4 horas e descansar com o tampão o resto do dia...ah, "Amanhã, pode continuar socando a bota na sua viagem" palavras do médico...

Miura aproveitou este dia para descansar bastante...de volta à viagem!

Até







domingo, 14 de setembro de 2014

Estrada Real 2014 - Dia 06 - Prados x São Sebastião da Vitória

Quinta, dia 14 de Agosto.
Vista
Acordamos cedo e dispostos para muitos quilômetros de pedal. 

O dia amanheceu nublado e assim teríamos um alívio da ação do sol.

Tudo pronto, seguimos para o restaurante tomar o café e abastecer de água.

Tomamos o café e pra nossa surpresa, não tinha água.

Começamos nosso pedal diferente, ao invés de procurar o ponto de partida, começamos procurando por água. Procuramos um mercado aberto as 8h da manhã, e como teríamos que seguir pelo mesmo caminho da busca da água, fomos bem devagar. 
Miura saindo da pousada
Neste momento, senti uma coisa atingir meu olho esquerdo, pois estava sem óculos, talvez por não ter começado o pedal efetivamente. A ação que fiz foi a comum que todo mundo faz, dei aquela coçadinha pra tentar sacar o objeto e pronto. 
centrinho de Prados
Compramos a água e localizamos o local de partida.
Ponto de partida
O ponto de partida fica do outro lado da cidade, pra quem não tiver o senso de orientação pode perder muito tempo na pequena cidade cheia de ruas.

Mesmo com o olho doendo muito seguimos o pedal, que rendia absurdamente bem melhor após o descanso do dia anterior. A dor chegou ao ponto de incomodar tanto, que nem fotos sentia vontade de tirar, mas mesmo assim, sempre que via uma placa de referência ou algo de interesse sacava a câmera e registrava, sem olhar se o resultado era o esperado.
Placas
Esse dia também ficou marcado pela quantidade de carreira que tomamos de cachorros, muitos mesmo.

E assim foi por vários quilômetros e vilarejos. Passamos por Bichinho, que é rica em artesanato, depois Tiradentes, onde comprei um colírio pra tentar aliviara dor, Santa Cruz de Minas, onde comprei um tampão de olho para amenizar o incomodo e mais adiante São João del Rey, onde almoçamos e recorri ao atendimento médico.
Chegada em Bichinho
Um dos milhares de atelier da cidade
Museu do automóvel da ER
Igreja em Tiradentes
Primeiro Marco de toda ER
Santa Cruz de Minas
Pedalava com fluidez, porém sem o prazer e admiração dos dias anteriores por conta dor que ora ficava aguda ora fazia lacrimejar até o outro olho. 

Após o almoço, que nem comi direito, apesar da gostosa comida bem preparada, típico de cidade grande, descobri que a Santa Casa era bem próximo de onde estava. Assim, deixei o Miura almoçando e fui atrás de ajuda médica.

Lá, fui rapidamente atendido. Olho teve o devido cuidado, com uma lavada com soro e limpeza dos restos de alguma coisa que a médica não pode identificar. Duas gotinhas de antibióticos e estava me sentindo novo em folha, enxergando tudo.

Miura já estava a minha espera e seguimos para nosso roteiro.

Procurando o ponto de saída de São João del Rey, fomos abordados por um mototaxista que também era cicloturista e que nos deu ótimas atualizações sobre o caminho que enfrentaríamos pela frente. Ele nos indicou seguir pela BR até o vilarejo de Rio da Morte, depois seguir a ER. 

Pedal rendendo, eu enxergando, estava tudo perfeito. A estrada, estava com o sistema de Pare-Siga, pois um trecho estava em obra, o que nos dava alguns minutos de refresco, de pedalar na estrada sem carros vindo em nosso encontro.
Partiu São sebastião
Miura começou a sentir o cansaço, então decidimos seguir pela BR mesmo até São Sebastião da Vitória. Se no dia seguinte o calor estava castigando, este dia o frio era de doer. Quando parava para fazer foto ou esperar o amigo, logo sentia frio intenso. Se pelo asfalto a altimetria era intensa, nem imagino como seria seguir pela ER.
Balneário
Chegou
Chegamos na única pousada da cidade, que estava fechada sob um frio intenso. Tremendo de frio, liguei para os telefones e na última tentativa a dona atendeu e veio nos receber após quase 20 minutos.

Nos instalamos na humilde pousada, já esperando pelo que seria a noite mais fria da viagem. Logo o olho também começou a se pronunciar em dores, o que imaginei ser do efeito do remédio passando e como a médica mandou apenas lavar com colírio, pensei que pudesse ser por conta da irritação.
Aguardando pra entrar na pousada
Fomos jantar num buteco beira-de-estrada, onde vários caminhões estavam parados e surpreendentemente foi a comida mais gostosa do caminho.

Após o jantar, fomos pra pousada pra descansar na noite que seria a mais incômoda de todas, mas só no próximo post...

Até

Dados do GPS AQUI
Distância:58,04 km
Tempo:8:14:41
Veloc. Média:7,0 km/h
Ganho de elevação:646 m
Calorias:1.798 C
Temperatura Méd.:18,5 °C
Todas as fotos AQUI

Estrada Real 2014 - Dia 05 - Lagoa Dourada x Prados (Descanso ativo)

Quarta, 13 de Agosto.


Acordei depois de uma noite bem dormida, peguei as roupas no varal, arrumei as coisas e fui tomar o café. Não era lá grande coisa, mas valeu a pena pelos biscoitos preparados pela Dona Aidê.

Após o café, partimos para a rocamboleria, onde demoramos muito até fechar a compra dos rocamboles para o Rio e sairmos da cidade. 

Tenho em mente que, durante uma cicloviagem, ter um dia para pedalar menos e descansar é muito válido, ainda mais quando se tem o conhecimento da altimetria mais puxada dos dias futuros. 

Esse dia, programamos parar mais cedo o pedal e como sendo o dia que saímos mais tarde, não foi difícil decidir. 

Iniciamos o pedal e logo saímos da cidade, foi um dos dias que mais atravessamos porteiras e muitas trilhas percorridas.
Miura invadindo as propriedades...
Muitos animais foram avistados neste dia, inclusive uma ciriema, que depois desta foram muitas

Miura e a Trilha
Trilhas, porteiras e calor... isso foi minando nossa força. Isso o psicológico já sabendo de que seria um dia de descanso, despejou o cansaço pelo corpo todo, e como se não bastasse, acho que foi o dia mais quente e com região de menor quantidade de sombra de todos os dias até o momento, sequer o vento que soprou nos dias anteriores deu as caras neste dia...safado!
Trilha mata a dentro
Subidas curtas porém duras, foram definindo que ficaríamos na primeira cidade mais adiante. Miura, já estava bem cansado e por mais que tentasse dar um ritmo, não seria bom pra nenhum de nós. 
Parada para descanso e lanche
Alguns quilômetros adiante, alcançamos Prados, onde encontramos dois motociclistas com suas BMW's touring fazendo Estrada Real no sentido inverso. Conversamos um pouco, e por incrível que pareça, passamos muito mais informações do caminho pra eles que eles a nós... 

Encontramos um restaurante, e por sorte o dono também tinha uma pousada. Não era no Centro, mas e daí. queríamos descansar.

Comemos e fomos pra pousada, alguns metros distante do restaurante. Na pousada, botamos as roupas lavadas do dia anterior pra secar. Como estava cedo, lavei a roupa do dia, e para aproveitar o sol, lavei a sapatilha e dei um jeitinho na bike, que estava com lama dos rios que atravessamos.
Restaurante
eu na foto...alegria de comer
A pousada, tinha uma bela vista da serra, mas com o sol, não tinha como ficar na varanda. Fui deitar e só levantei para jantar. Jantamos, o que pareceu ser a mesma comida do almoço, e fomos dormir, pois o dia seguinte seria de pedal descansado.

Lembrança triste, chegamos junto com a notícia da queda do avião que vitimou o Eduardo Campos, candidato à Presidência.

Dia curto, poucas fotos e pouca história...

Até

Dados GPS AQUI
Distância:21,26 km
Tempo:4:04:08
Veloc. Média:5,2 km/h
Ganho de elevação:701 m
Calorias:1.289 C
Temperatura Méd.:30,9 °C
Todas as fotos AQUI